Em construção. Praticamente um canteiro de obras.

Faça Login, Senhora Monção!

Entre os meus amigos, há uma figura a quem eu tenho o prazer de tietar, assumidíssimo.
Afra é uma amiga minha que já foi muito porra-louca na vida. Ainda é, só que mas com mais pachorra e cuidado.

É depois de sair da casa de Afra que eu saio animadamente contagiado por aquela visão ácido-corrosiva que ela tem. Afra acredita no mundo, só que ela simplesmente não se estressa, por isso aquele sarcasmo tão magnético. A Lua dela em Aquário foi mais forte que o Sol: questões universais a preocupam, mas o bom humor dela fala mais alto.

Toda vez que vejo Afra me dou conta de que tem coisa mais importante do que aquilo que eu acho importante. É um revezamento de padrão das coisas natural. Ela me dá toques, só por falar, de Daniela Mercury à galerias de museus, de relacionamentos à editais, do que mais e do que menos for cultural, a gente conversa. E assim flui até o dia amanhecer.

Volto pra casa. À noite, fui dar uma olhada na televisão, não necessariamente pra me sentir mais inteligente, acho que pra digerir melhor a janta. Mudei da novela (a tevê tem vários canais, mas na prática, só tem um canal, que vocês já sabem) pra o canal dito Cultura, em rede nacional. Me deparo com um programa chamado Login, cuja estranha vinheta de abertura são as silhuetas de uns jovens em um LED, coisa mais kitsch e tecnocrática impossível. Login, internet e LED é tudo faz tudo parte das mesmas 'modernidade'. Tenso.

O programa era ao vivo. Muito tenso. Um casal - beijo, sexismo! - jovem, branco, assume o comando. Embaixo dos nomes deles, o @algumacoisa, tipo, acesse-meu-twitter-sem-precisar-muito-saber-quem-sou-eu. Coleção de followers?

O casal, no estilo mais show de calouros impossível, parece não ter a menor noção de como comandar o programa, que era do estilo 'novidades pra gente jovem burra'. Daqui a pouco vamos falar de 'flash mob', anunciava o bonitinho. Flash Mob? Minha gente, tudo bem que nem todo mundo conhece o tal do Flash Mob, mas caramba... Só faltou ele falar da novidade chamada 'Orkut', ou do último lançamento do cinema: Titanic. Me poupe.

Os dois sempre em tom amador/debochado, como se não lembrassem que ganham pra fazer aquilo. Se ganham pouco, se não tão satisfeitos, se estão na geladeira da Glóbulos - o brother que apresentava era ator global, tenho certeza - se danem. Eu, telispéctadô, não tenho pê-ene a ver com isso. Daqui a pouco, ói o bonitinho chamando um outro cara, em tom de show de calouros [2].

Super tenso.

O outro cara, rei... Brother, o outro cara tava cochilando.
Velho, o cara apresenta um programa, e tava cochilando! Rei... Co-chi-lan-do!!! Alguém avisa!
Me faça uma garapa. Pago pra dormir em serviço. E ao vivo.

Meu estômago já em colapso. E eu que tinha ligado a TV na intenção de fazer uma digestão melhor...

A piveta começou a mostrar uns 'links interessantes'. A internet vive me bombardeando com 'links interessantes', e eu preciso ligar a TV pra ter 'links interessantes'. Interessante... Vamos aos links: Fotos de comidas decoradas. Maçãs em formato de borboleta e de laranja suicida. Depois, um site de fotos de bentôs (marmita japonesa) decorados. "E olha, quando você passa o mouse, ele te mostra os ingredientes...". Interessantíssimo. Depois dessa, vendo minha cama, pois não vou conseguir mais dormir.

Eu preciso de gente como Afra na televisão.

Emoções de Blog (ou, Post Todo Falando de Mainha)

Eu sempre escrevo as postagens primeiro no bom e velho bloco de notas pra depois passar pro blog. Mania, hábito, sestro, sei lá o que é. Não sei, só sei que faço assim.

Enquanto postava o post anterior (postava o post soa redundante, né?), tive uma briga homérica com mainha. Detalhe: Vão se acostumando, por que eu chamo mainha e painho, nada mais baiano (engraçado é ver meu irmão grandão chamando 'ma-i-nhááá...', com melodia baiana). Coisa nossa.

Sim, tive uma briga da zorra. Rapaz, ela vem procurar minha carteira de trabalho nas minhas coisas, e começa a xingá-las. Xingar, pra quê tanto papel, bagaceira... essas coisas. Mas sabe, aquele tom pejorativo. Velho, ela não consegue controlar a pejoratividade que ela lança nas coisas: minha mãe é assim, se ela quiser derrubar alguém, faz isso com perfeição, né só a mim não. Precisa ver minha tia, a irmã dela. Deixa qualquer um no chinelo. Chééépo!

Caramba, parece que eu briguei por pouca coisa. Deve ter sido, mesmo. No final, minhas brigas com mainha sempre são por pouca coisa. É que mainha, quando quer, ela é triste. Ela, consegue, com maestria, esculhambar. Começou a pegar os papeis, detonando-os um por um. E eu não consigo muito controle. Detonei ela legal. E ela a mim. Um belíssimo zero a zero. Pior, saldo negativo. Eu com mágoa, ela com mágoa ao quadrado.

E eu também sei que eu guardo papel como a disgrama, mas ela é profunda. Eu sei, mães são profundas. É que a convivência é uma miséria, a gente acaba botando tudo pra fora numa discussão besta. Mainha sempre foi controladora como quê, tira isso daí, ajeita esse cabelo, que sapato horroroso, você vai assim com essa blusa, tá parecendo mendigo, comigo não anda assim, isso tá triste, pescoço fino da zorra, deus é mais. Sabe, cresci assim, mainha sem um pingo de autocrítica. Eu tenho lá meus problemas por conta disso, - beijo, Freud! - deve ser. Mas ela, pra detonar os outros, é um estalo de dedos, defeitão. 'Detonar' que eu digo não que ela seja uma fuxiqueira, uxe, longe disso. Ela é super franca. Até demais. Se for pra falar, ela não perdoa.

Agora vá qualquer cidadão da face da terra dizer que ela é isso ou aquilo. Rapaz, ela se ofende. Ela leva aquilo a sério, pro pessoal. De verdade. Já viu coisa pior que alguém que se ofende com qualquer coisa? Eu tenho dificuldade com esses melindres. 

É engraçado que, quando a gente briga, eu digo que eu vou ser um pai maravilhoso, coisa e tal. Que eu vou, eu vou. Pelo menos vou tentar. Mas não tá vendo que é só enxame meu pra tirar onda com a cara dela, mesmo que indiretamente? Aonde que eu e meu filho - sim, eu terei um filho! - vamos ser essa maravilha toda. Até parece.

Mas sabe, eu só queria mesmo que mainha chegasse, de boa, conversasse, desculpa, olha, você também foi errado, pra quê isso comigo? Não. Ela NUNCA - sim, meus amores, nunca com Caps Lock - me pediu desculpa, nem a mim, nem a ninguém. Eu já pedi várias. Mainha tem um histórico de amarguras extenso demais pra pedir uma coisa tão boba e tão especial como 'desculpas'.

Eu a amo. Ela é difícil. E eu vim de dentro dela né? Filho de difícil, dificinho é.

(Tá bom, esse post compensa o do mês das mães que faltou...)

Esse Estranho Amor

Eu não sou muito de estar falando de coisas românticas, mas tudo isso não deixa de ser estranho. Amor não existe, afirmam alguns, amor existe sim e é lindo, amor é um jogo. Eu fico com essa última opção.

Por que isso? Lembro que, num dos meus momentos reflexivo-psicológos, soltei que a diferença do amor e a amizade é justamente o poder, - beijo, Foucault! - pois enquanto a amizade é honesta, limpa, clara; o amor não. Envolve com o sentimento do outro a questão dos interesses pessoais. 'Interesses pessoais' soa tão politiquês... Mas é a verdade. Pelo menos é a minha verdade, a verdade pelo qual passei.

Já tomei foras ('piaus', na linguagem papa-jaca universitária), já dei foras, já amei sem ser amado, já fui amado sem amar... tudo poder. Amor é um negócio de medir forças que é uma miséria. Amor, amor, estranho amor.

Por isso hoje, eu tento me proteger dessa praga. Eu tenho - momento acknowledgement - medo de amar. Medo enorme, é um horror. Me coço só de pensar. Mas fazer o quê? É muito sofrimento minha gente, é um negócio estranho, que deixa você um bipolar da noite pro dia. Tenso.

Precisava discorrer essa verborreia (ah, é, agora tudo que é porra que termina com 'éia' é sem acento, né?), o pensar em amor me faz escrever. Só o fato de pensar nisso, já deu pra sacar que eu tô em maus lençóis com o Cupido. Não, não estou amando. Eu penso demais pra amar. Hoje, pra amar, primeiro eu penso. Nem que eu me lenhe. Mas eu penso, fico pendurado. Até tomar uma decisão.

Beijo pra quem é racional e não precisa rabiscar nada em blog pra tomar decisões simples.

Mutatis Mutandis

Um mês sem postar no blog é tempo como a zorra. Eu admito, não dei sequer satisfação. Minha culpa, minha máxima culpa. Mudei o blog de endereço e nem avisei nada, coisa e tal.

Calma. Aconteceram muitas coisas.

O Sozinho Morando nasceu a partir da partida da minha mãe. Meus pais se separaram - graças a Deus - e minha mãe resolveu dar uma guinada na vida dela, se mudando (meu pai não sai daqui de perto nem a pau). Dei o maior apoio, era a minha independência e a dela. E assim, passei a morar só. Simples assim.

As primeiras semanas foram, de um certo modo, complicadas. Mas nada que eu não pudesse tirar de letra, eu literalmente me redescobri morando sozinho. Foi uma experiência interior muito intensa. Mas foi. Já acabou. Não demorou nada, minha mãe volta: não deu certo lá. Ai ai... É a vida desse meu lugar.

Graças a Deus eu e ela somos, apesar do abismo de diferenças, grandes amigos. Nos damos bem, eu a amo, é recíproco - ao nosso modo - e ela voltar foi até bom pra mim. Pro blog, não. Ficou aquele vazio, aquela falta de experiência interior, de vivência, de fluxo pra escrever. Tanto que passei esse último mês de maio todo, todo (não sei como) sem sequer visitar o blog. Mas não dava pra escrever. Minha vida tinha voltado a ser o que era, confortável, mas sem maiores redescobertas, sem mais o que escrever, diga-se de passagem.

Mas tô de volta, e se derrubar é pênalti. Não posso ficar sem escrever, sou um write-a-holic por natureza, sendo assim, o blog tem que continuar. Vou seguir os conselhos de Elias, diversificá-lo mais, unir uma coisa com a outra, colocar mais figura, essas coisas de blog.

Deixe só eu arranjar um tempo aê... (arranjar tempo, rai ai...)