O sol entra na minha casa 7. Acho interessante. Me sinto mais bem humorado, mais disposto; a casa sete sempre traz uma coisa boa, uma energia legal.
Astrologia à parte, isso não impede uma coisa. A maluquice que é fim de ano, fim de festa. Sabe quando, por melhor que seja o show, quando você percebe que o show vai acabar? Tocam-se as músicas mais conhecidas, mais agitadas, pra daqui a pouco o cantor chegar e dizer tchau, bye, yo te amo brasil... essas coisas. E você fica lá, foi lindo, divino, maravilhoso. Mas hora de voltar pra casa.
Num tempo danado de correria, vem você e se pergunta. Que casa? Onde é que eu tô. O seu lado mais melodramático vem à tona nos finais de ano. Maria do Bairro ficaria no chinelo. É uma sensação de dever não cumprido, de coisas a fazer que você não fez, de quem você poderia ter pego e não pegou, do concurso que você não passou, do emprego que você perdeu (e poderia estar pagando sua festa de final de ano num lugar melhor, né?), da vida que está passando, você ficando mais velho e... e é bem por aí.
Pra mim essa angústia só é potencializada quando você pisa o pé fora de casa. É um negócio de você ter que comprar presente... Mas presentear o quê mesmo? O fracasso que foi o ano todo? O vazio que você não completou durante um ano, e agora você merece um presente? Pessimismo à parte (sim, meu bem, final de ano é tempo de 'renovassaum', leia-se um pessimismo da zorra), é mais ou menos assim que funciona.
As pessoas simplesmente esquecem que um ciclo não é só um ano. Tudo bem que é o ciclo mais importante (pelo menos aparentemente), onde as coisas seculares começam e terminam. O mundo do lado de cá funciona de Janeiro a Dezembro. Tá. Mas e o ciclo interior? E o ciclo da sua vida? O eterno ir e vir, terminar e começar? Sim, sim!!! Ele é tão importante quanto o ano civil. A gente não presta atenção nos nossos ciclos. Nas nossas coisas que começam, terminam e recomeçam. Terminou um namoro? Veja quanto tempo demorou pra engatar outro. É um ciclo. Enquanto isso, vá pensando no que aprendeu: é um ciclo terminando em sua vida, aos poucos. Não importa se é de doze meses ou 3 segundos. Morreu um amigo, um ente querido? Veja em quanto tempo a dor leva pra passar. É o seu ciclo natural. Não tem nada a ver com o ano lá fora. Perdeu um emprego? Que pena. Bote currículo e veja quanto tempo leva até você arrumar outro. É o seu ciclo de adaptação até ter outra fonte de renda.
Eu não sei. Pra mim tempo é bem relativo. Meu ciclo é meu ciclo. Aliás, meus ciclos naturais. Dane-se esse que inventaram.
Sim, e Feliz Natal e Ano Novo pra quem leu.
Ah... Os ciclos... Você escreveu pra mim...
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