Em construção. Praticamente um canteiro de obras.

Enchente de Início de Outono (ou Flood-eiragem)


"Chuvinha besta", pensei.

Foi exatamente o que pensei quando dormia, ontem Preguiça total de fazer meus trabalhos da faculdade. De acordar pra vida. Fui dormir de novo, a chuvinha ajudou - poxa, nada melhor que uma chuva na hora de redormir.

Chuvinha besta? É mesmo?

Tá bom, demorou nada, tá minha casa molhando. Olhe que pra molhar minha casa tem que ser muito vento, tem um vão enorme aqui que dá na minha porta, pra iluminar e ventilar minha casa. E por onde entra chuva, nos rainy days.

Rapaz, muito vento. Vi as árvores do quintal quase na horizontal. Rá-paaaaz!!! Bizarro. Iansã tava nervosa.

Me lembrei, do nada, de meu pai, que mora em baixo. Preocupação, né? Tô vendo ele, com os baldes, desesperado. 20 cm de água dentro de casa.

Começamos a operação tirar-água. O vizinho ajudou (até filmou, sacanagem, achei graça depois), tiramos água até não poder mais. Desespero. Limpamos, passamos pano, arrumamos a casa... Essas coisas todas super-básicas de enchente.

Os ventos, realmente os mais fortes que já vi em toda minha vida, arrancaram os toldos das barracas da praça do meu bairro. Outdoors no chão. Árvores arrancadas. Casas destelhadas. Raios. Pânico.

Pois é.
De repente, uma formatação.
De repente, uma enchente.
Daqui a pouco, de repente, encontro na minha porta um cesto com uma criança dentro pra eu criar.

E você aí, ainda quer morar só?

Psicopata-somático

Quando a gente mora só, fica bem mais evidente o reflexo das coisas na gente. Como a personalidade da gente reflete nas coisas. Minha casa tá uma bagunça, uma mess, uma carniça, precisa ver. Aliás, não precisa ver não. Tá de fazer vergonha.

Do mesmo jeito que tem o psicossomático, descobri que tem o doméstico-somático. Meu corpo, minhas emoções, ficam todas refletidas na casa. Uma zona: é por que eu não tô bem. Não, não... Nada de depressão não, porra nenhuma. É só uns probleminhas aí que a gente não conta nem pro blog.

Acho que voltei à fase lerda do início.

Tenho que tomar cuidado com esse vai-e-vem.

Reflexões Acerca d'Um Pen-Drive

Aprendamos.
Aprendamos a recomeçar. Isso mesmo. A recomeçar.

Tenho uma característica - que fui com certeza adquirindo com o tempo - que é aprender (ou ao menos tentar aprender) com pequenas coisas, coisas que parecem ínfimas.

Formatei meu PC. Ficou lindo, leve, solto, quase flutuando. A memória, uns setenta a oitenta por cento cheia, hoje não chega a dez. Meu vizinho, técnico em computação - se boa cerca faz o bom vizinho, viva também a política da boa vizinhança - me ajudou e formatou meu PC. Como de praxe, afinal já foram algumas formatações, guardo tudo num pen-drive e mando bala. Depois, é só descarregar tudo de volta. Dessa vez, como foi muito próxima da última formatação, nem teve tanta coisa assim pra guardar. Tá.

Na hora que ele começou a formatar, ele não viu que meu pen-drive tava no PC.

- Você tirou o pen-drive?
- Não.
- Menino, cê é doido é?... Mas acho que não formatou nada no seu pen-drive não. Só formatou o disco rígido mesmo.

Rapaz...Desgraça pouca é bobagem.
Demora alguns dias depois da formatação (hoje), coloco o pen-drive.

O disco ainda não está formatado. Deseja formatá-lo agora?
(sim) (não)

Hã? Como assim?

*tenso*

Liguei uma coisa com a outra...
ÊÊÊ-TÁ POOOORRA!!!

Perdi tudo no pen-drive. Tudo. TU-DO.
Tá, mas como uma perda de dados besta de um pen-drive merece uma postagem no blog? Que infantilidade!

Não, não é. Perdi tudo. Quando me refiro a tudo, é tudo. Arquivos que levaram anos pra juntar, fotos, documentos importantes, pesquisas, favoritos salvos... e as fontes... Ah, as fontes! Minhas fontes, que tanto me gabava de tê-las, várias fontes caras, que conseguia de graça, nas minhas maluquices com o Google. Fora os projetos, rascunhos inteiros de projetos, catálogos de pós-graduação, informações importantes, dicas de ganhar dinheiro, minhas coisas, minhas coisinhas, meu mundinho. Uma parte de mim, foi, pá. Numa formatação.

E aí tive pensando. Como tanta coisa importante - por que era importante - foi tudo num mísero pen-drive? Uma coisa que podia perder, e pam, já era? Como pude atribuir tanta coisa importante a isso? Como um objeto bobo se tornou algo tão prioritário? Como a tecnologia nos escravizou a tal ponto, de uma parte da minha vida ficar num presa a um pen-drive?

É nisso que eu procuro aprender. Aprender a recomeçar, sempre. Aprender a não dar valor a um pen-drive. Aprender o desapego (difícil). Aprender que é necessário, formatar as coisas fúteis, a deletar o que não presta, a apagar o que realmente não é importante. Hoje, tenho certeza que não vou usar setenta por cento do que tá lá. Mas precisei dessa formatada da vida.

Por que a vida é assim. De repente você tem que estar preparado pra ser formatado por dentro.



Baratas, baratas...

Me sinto circundado por elas. Elas existem em todos os cantos da casa. Elas tomam conta da casa. A casa é delas. Eu que a invadi.

E você achando que elas não faziam zuada? Que zuada, barulhinho chato é coisa de grilo, cri-cri-cri? Pois fazem, meu 'abor', silêncio é coisa de barata antiga, as de hoje, emancipadas, são baratas vanguardistas, gritam pelo que lhes dá na telha. Como assim? Inventei de colocar uma caixa de papelão - perto do banheiro, ó que miséria - pra colocar o lixo que acumula e jogá-lo fora depois. Repare só.

Fui dormir hoje, não me preocupei em forrar o colchão, ah, quem se importa? Achei que pegaria no sono logo, e de fato estava. Ledo engano. Ledíssimo engano. Acordei com um calor insuportável, uma vontade horrível de mijar. Enfim, quebrei - droga! - o ciclo de dormir cedo/acordar cedo, tava bom demais pra ser verdade.

Uma zuadinha, tá-tá-tá-tá-tá... de umas 250 bpm. Porra, bem atrás da caixa.

Ok, vamo localizar: eu durmo na sala - não há quem guente o calor do quarto. A caixa fica próximo ao banheiro. Um corredor separa a sala (é uma porta em cada corredor, esquerda, meu quarto, direita quarto de mainha) da cozinha. Na cozinha, duas portas à direita, uma da área de serviço e a outra, do banheiro. A caixa tá bem no corredor, perto à duas paredes, quase na cozinha - próximo ao banheiro.

De volta a zuadinha fdp, tá-tá-tá-tá-tá... Rapaz, eu achando que era o rato - não, não é um rato qualquer. É o rato, esse mickey-mouse do demônio, um rato que merece uma postagem à parte no blog, mais tarde - mas não. Era uma barata. Como a caixa tá perto de duas paredes, numa quina, a baratinha maldita raciocinou que ali é antes de tudo um lugar perfeito pra uma barata colocar com segurança seus ovinhos e reproduzir com tranquilidade - jogando minha paz pro espaço.

Como a conclusão que era uma barata? Achei uma vassoura do lado. Bati na caixa. Subiu na parede (meio que coberto pela aba da caixa) uma silhueta de algo aterrorizador, próximo a uma barata. A mensagem que tentei transmitir: vá embora. Ela não vai. Não era mais fácil matar? Ahn... não. Entendam: eu tenho medo, prontofalei. Mas assim, vou lá e mato. Por que não matei? Simples (é simples mesmo?), teria que tirar a caixa pra matá-la. Pela zuadinha, ela tá no cio, chamando a parceira lá (baratas lésbicas?) pra nhanhar, eca. Eu já tenho medo de uma, piorou de duas. Pela zuada, certamente ela não tá só. Matar barata sozinho é complicado. Ô gente, entendam, vá...

Ligo o computador. Perdi o sono mesmo... Do lado do PC, tcha-ram! Uma barata. Pensei que ia cair pra trás da cadeira. Pedi pra ela sair. Ô meu Deus, né que ela saiu? (e se essa postagem tá aqui, agradeça à boa-vontade dessa barata, senão...) Tá atrás do PC agora. Como minhas pernas ficam cobertas visualmente pelo suporte do teclado, qualquer coisa que cutuca minha perna - geralmente muriçoca - eu pulo, pensando que é barata.

Desde criança o medo, o pavor de barata. Por quê, por quê? Não sei. Tenho e pronto. Vou lá e mato. Mato? Aham... depende da circunstância... e essa não é uma delas. Tem uma caixa na frente da barata. No meu mundo irracional, no meu subconsciente (quem também tem medo vai entender direitinho do que eu tô falando) é eu tirar a caixa e ela pula em cima de mim, e aí eu morro.

Ô, gente... O medo. Medo merece um capítulo à parte na vida da gente. Sou todo medroso, mas vira e mexe, enfrento meus medos. Mas morando sozinho, o medo cresce, toma proporções gigantescas. O medo simplesmente não some, não tem ninguém pra tapear o medo, não tem nada mais urgente pra você fazer do que sentir o medo, do que ver o medo em todos os seus poros. Sério. Tem os pro's e os con's de morar só, esse é um dos con's, sem dúvida.

O pior é ouvir as zuadinhas daqui da sala da barata, lá, feliz da vida na caixa, com sua parceira lésbica lá. Sem saber, construí um motel pra baratas. Amanhã mesmo queimo esse hotel. Não jogo nem fora. Queimo logo.

O ruim é que amanhã vai demorar de chegar.

Começando a Caminhar com as Próprias Pernas...

O blog já nasce com uma semana de atraso. Fiquei assim, renitente, tipo ah, pra que porra um blog... mas fiz. Hoje, com o episódio das baratas - que ainda está acontecendo, quem sabe faz ao vivo - deu pano pra manga suficiente pra uma boa postagem, que vou rir depois.

Vem acontecendo muita coisa, internamente, no meu mundo interior. Saio bem menos, quero cuidar da casa. Curtir a casa, cada cantinho, cada coisa em seu lugar, no meu lugar. Minha casa, uuu, eu quero você como eu quero.

Fiz uma listagem de tudo que tenho a fazer. E vai demorar pra ser cumprida. É muita coisa. Cada dia me dou conta de uma coisa nova, de uma casa nova. Me vi doido na primeira semana. Agora, separei as tarefas por cômodo. A priori, a cozinha, sempre a cozinha. A pia, gente, a pia é autosustentável, parece a Caverna do Dragão, é sem fim; endless, möbius. Cabou de limpar, ó ela suja, rapaz... Os quartos, ainda não arrumei. A sala, dei uma geral básica. Beeeem básica. Faltam livros, papéis, poeira, tanta coisa...

A tevê, eu não ligo. Mesmo. Assisti um filme, um dia só. Lindo, por sinal, Becoming Jane (pense no título uó em português: Amor e Inocência, feião...). Meu gasto de energia é o PC. Não adianta, a TV não me chama a atenção: o negócio é pegar logo meu mini-system, pra nem através do DVD mais precisar mais ligar a tevê.

Já passei da fase mais lerda. Antes só queria saber de dormir, nem cozinhar queria. Hoje fui à rua e fiz umas comprinhas. Básicas. Cereja em calda, isso é básico? Porra nenhuma, um ou dois itens supérfluos dentre o mar de fibras e carboidratos que comprei. Massa, molho pronto, sobre-coxa, uns iogurtes, refri... Chamei uma amigona e ela deu altas dicas. Deu uma listinha boa, tive direito até a delivery. Tive direito até a esquecer também de comprar outras coisas - eu tenho pra mim que coloquei as patitas no carrinho errado, dane-se...